Renata Sardinha entrevista a atriz, contadora de histórias e poeta Mariana Dias
Mariana Dias é atriz, contadora de histórias e poeta. Formada em artes cênicas pela CAL – Casa de Artes de Laranjeiras e em Letras pela PUC-RJ, a carioca tem feito sucesso com sua personagem Margarida, voltada para o público infantil. E, em tempos de pandemia, levou para o YouTube a personagem, fazendo a alegria da garotada. E dos pais, claro. Leia na entrevista!
Como surgiu a ideia de fazer a Margarida e qual foi a inspiração?
A brincadeira de virar a Margarida surgiu quando eu morava com minha irmã caçula. Eu tinha 18 anos, ela tinha 3. Eu tinha uma máscara de Papel Marché na parede do meu quarto, e ela gostava que eu vestisse a máscara. Eu começava a dançar, dizia que eu era a Margarida… Ela fazia perguntas e gostava de conversar com ela. O tempo passou e, depois que meu filho nasceu, meu olhar se voltou para o lúdico e a primeira infância novamente. Então, desenvolvi um projeto de iniciação teatral através da contação de histórias para crianças, surgindo assim a segunda Margarida, a contadora de histórias, que usa uma saia cheia de bolsos. A figura de uma mulher que usa uma saia cheia de bolsos é inspirada no conto “A Paixão de Dizer”, do livro “Mulheres”, de Eduardo Galeano.
Como ela foi parar nas salas de aula? E no teatro?
Quando meu filho nasceu, reencontrei lembranças da minha infância e a contação de histórias, prática que já me fascinava desde que estudei Letras. Nossa, me ajudou a ressignificar muitas memórias! E, com a maternidade, meu olhar criativo se voltou para a primeira infância. Então, criei um projeto de iniciação teatral através da contação de histórias, chamado “Histórias de uma Margarida”, e ofereci para espaços de educação infantil. E deu certo: já desenvolvo este projeto há 6 anos dentro de escolas. Em 2017, adaptei o projeto para o teatro, escrevi a dramaturgia e produzi a peça que estreou no teatro Cândido Mendes, em Ipanema, e fez temporada no Teatro do Centro Cultural da Justiça Federal, no Centro, e no Teatro da UFF, em Niterói.
Na quarentena, como a Margarida se adaptou ao universo digital?
Na quarentena, a Margarida não pode mais estar com as crianças presencialmente, nem nas escolas nem nos palcos. Então, passou a contar suas histórias virtualmente. E é assim, gravando histórias que fazem parte do seu repertório, criando seu canal no YouTube, “Histórias de uma Margarida”, que ela chega aos seus fãs, risos.
Você acha que o ato de contar histórias pode mudar a realidade das crianças, cada vez mais ligadas ao mundo tecnológico? O que os pais podem fazer para mudar este cenário?
O ato de contar histórias é muito antigo, uma tradição, um ritual. As histórias atuam no campo do simbólico e principalmente do afeto, ajudando na construção psíquica do universo da criança. Acho difícil evitar o mundo tecnológico hoje em dia, mas os pais devem acompanhar esse uso e selecionar os conteúdos mais positivos e construtivos para o universo sensível, que é o da criança. Tem muita referência boa e trabalhos de qualidade que podemos encontrar na internet. A contação de histórias mesmo, tem muita gente boa fazendo vídeos. Mas é importante que os pais sejam também os contadores de histórias dos seus filhos, antes de dormir, ou numa hora que for possível. Ache um dia, um horário, e crie o ritual de contar histórias. Pode ser de cabeça, inventada, lendo um livro. Mas o ato de se reunir com a criança ao redor de uma história acalma, criando laços de afeto positivos.
Onde a Margarida pode ser vista e quais seus planos para a personagem?
Hoje, a Margarida pode ser vista no canal do YouTube História de uma Margarida, contando suas histórias preferidas! E, para o teatro, estamos em busca de patrocínio para que, assim que for possível, estar em novos palcos em uma turnê. Até o momento, a peça foi realizada de forma independente e precisa de verba para sua continuidade.
Serviço:
Instagram @historiasdeumamargarida
YouTube: Histórias de uma Margarida
9 Comentários
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